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Carta Mensal - Maio 2025

  • Foto do escritor: Rodrigo Seixas
    Rodrigo Seixas
  • 9 de jun.
  • 4 min de leitura
Momentâneo alívio global, eterna cautela interna

Momentâneo alívio global, eterna cautela interna


Cenário Macro Global

Em maio, os mercados globais foram impulsionados por um acordo entre Estados Unidos e China, que resultou na redução temporária de tarifas comerciais por 90 dias. Essa trégua tarifária foi mais abrangente e rápida do que o previsto, reduzindo significativamente as tarifas efetivas entre as duas maiores economias do mundo. Apesar de ainda não representar uma resolução estrutural das tensões comerciais, o acordo trouxe alívio aos mercados e melhorou as perspectivas de crescimento, especialmente para a China, que pode ver um impulso em seu PIB no segundo trimestre.


Por outro lado, os sinais de desaceleração nos EUA voltaram a preocupar. O índice de atividade industrial do país (ISM) caiu para 48,7 em maio, marcando o terceiro mês consecutivo de contração e ficando abaixo das expectativas do mercado. A queda foi puxada principalmente por novos pedidos e produção, refletindo uma demanda mais fraca e condições financeiras ainda restritivas. O resultado adiciona incertezas à trajetória da economia americana e fortalece a percepção de que o ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve pode iniciar ainda este ano, caso o mercado de trabalho também apresente sinais de enfraquecimento.


Os dados do Payroll americano da próxima sexta-feira, 06/06, serão olhados de perto pelo mercado. Uma vez confirmada uma desaceleração na criação de novos postos de trabalho, o mercado deverá reagir com uma queda no valor do Dólar, e diminuição do rendimento dos Treasuries.


Grafico

Fonte: BACEN.


Cenário Macro Brasil

A economia brasileira apresentou um crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, levemente abaixo das projeções de mercado, de 1,5%. O índice acumula alta de 2,9% na comparação anual. O crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor agropecuário, que registrou uma alta de 12,2%, e pelo setor de serviços, que avançou 0,3%. A indústria, por outro lado, teve uma leve queda de 0,1%, refletindo os efeitos da política monetária restritiva.


Grafico

Fonte: Bacen. Elaboração Netz.


No âmbito fiscal, o governo enfrentou duras críticas após anunciar um aumento no IOF sobre remessas para o exterior, o que levou à revogação parcial do decreto. A medida visava aumentar a arrecadação, mas foi mal-recebida pelo mercado, especialmente por fundos de investimento que diversificam aplicações no exterior. A discussão agora envolve o legislativo e o setor empresarial do país, que são contrários ao aumento do imposto. Por outro lado, a base governista usa de um tom alarmista, dizendo que a proibição do aumento pode acarretar até na paralisação da máquina pública.


A dívida pública bruta do Brasil atingiu 76,17% do PIB em abril, refletindo os desafios fiscais do país. O custo médio de emissão da dívida doméstica subiu para 13,05%, o maior nível desde janeiro de 2017, pressionado por juros elevados e inflação persistente.


Grafico

Fonte: Bacen. Elaboração Netz.


Cenário Crédito Brasil

O cenário de crédito no Brasil apresentou sinais de deterioração em abril. A inadimplência no crédito livre subiu para 4,5%, o maior nível desde 2018, indicando um aumento nos riscos de crédito.


O saldo total de crédito de abril, divulgado no mês de maio, apresentou um crescimento de 0,7%, totalizando R$ 6,6 trilhões. Em 12 meses, o crédito avançou 11,5%. O crédito com recursos livres somou R$ 3,8 trilhões (+0,3% no mês, +10,4% em 12 meses). No segmento corporativo, houve queda de 0,5% no mês, puxada por reduções em desconto de duplicatas (-10,4%) e capital de giro (-6,4%). Já o crédito livre às famílias subiu 0,9% no mês e 12,5% em 12 meses, com destaque para o consignado privado (+7,4%).


Analisando os gráficos abaixo, vemos um arrefecimento nas concessões de crédito como um todo, apesar dos estímulos do governo em fomentar linhas de consignado privado. Tal efeito pode ser, em parte, explicado pelo custo total do crédito, com a SELIC atingindo a máxima em quase 20 anos.


Grafico

Fonte: Bacen.


A inadimplência geral subiu para 3,5%. Entre empresas, foi de 2,5% (+0,3 p.p.), e entre famílias, 4,1% (+0,2 p.p.). Nos créditos livres, a taxa foi de 4,8%; nos direcionados, 1,7%.


O gráfico abaixo mostra a evolução da carteira de crédito consignado para o setor público, corrigida pelo IPCA, entre março de 2007 e setembro de 2024. Observa-se um crescimento consistente ao longo do período, com breves períodos de estabilidade entre 2015 e 2017. A retomada do crescimento após 2017 indica uma resiliência e possível aumento da demanda por esse tipo de crédito. Em setembro de 2024, o saldo alcança R$ 373,6 bilhões, refletindo um avanço significativo frente ao patamar de cerca de R$ 85,4 bilhões em 2007. Esse crescimento pode estar associado à ampliação da base de servidores públicos, aumento salarial real da categoria e/ou maior penetração do crédito consignado como instrumento de financiamento pessoal.


Grafico

Fonte: Bacen.


Do lado coorporativo, o BTG Pactual anunciou a compra de aproximadamente R$ 1,5 bilhão em ativos de Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master. Dessa forma, Vorcaro ganha tempo enquanto busca uma solução definitiva para a crise de liquidez do banco.


Por outro lado, o mercado de dívida corporativa mostrou força. O volume movimentado em debêntures, CRIs e CRAs atingiu recordes históricos, refletindo o apetite dos investidores por ativos de renda fixa em meio a taxas de juros elevadas.



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