Carta Mensal - Fevereiro 2025
- Rodrigo Seixas
- 28 de fev.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de mar.

Entre PIBs e recuperações judiciais
O IBGE divulgou que o PIB brasileiro cresceu 3,4% em 2024, levemente abaixo das medianas de mercado, que apontavam crescimento de 3,5% no ano. A soma de bens e serviços produzidos pelo país desacelerou para 0,2% no quarto trimestre, o que indicaria os primeiros sinais de desaceleração da economia. Ainda assim, o crescimento robusto visto em 2024 teve como motor o consumo das famílias, com alta de 7,3% no ano, graças a um mercado de trabalho aquecido e expansão fiscal por parte do governo, que resulta em um aumento da renda e maior demanda por bens e serviços.
Para 2025, espera-se uma continuação do esforço do governo em manter a atividade em alta, como a liberação de recursos do FGTS para fomentar o consumo, dentre outras medidas. Em contraponto, a estimativa de mercado da SELIC em 15% a partir do meio do ano gera uma expectativa de desaquecimento da economia, com a diminuição do consumo e de investimentos produtivos. Para o ano, a mediana de crescimento do país é de 2,01%, conforme dados da FEBRABAN.
As últimas semanas foram intensas para o crédito privado: três empresas deram entrada em pedido de recuperação judicial: Bombril, St. Marché e Ducoco, além do pedido de recuperação extrajudicial do Grupo Armco. A dificuldade de gerar fluxo de caixa em um cenário de juros altos torna-se um desafio para as empresas, de modo que aquelas estranguladas não veem outra saída a não ser solicitar o auxílio do judiciário. No agregado, vê-se uma leve diminuição no crédito, de 0,2%, por conta de fatores sazonais.
Na contramão do crédito privado, o mercado de FIDCs cresceu a níveis históricos no ano de 2024. Segundo dados da ANBIMA, pela primeira vez na história, os valores investidos em FIDCs superaram os de fundos de ações. Em dezembro, FIDCs somavam R$ 589 bilhões enquanto fundos de ações registravam R$ 584 bilhões. Rentabilidades atrativas aliadas a mecanismos de proteção do investidor, como a divisão por classes, explicam em parte o sucesso do produto.
Cenário Macro Global
O mês de fevereiro trouxe novas tensões, tanto na Geopolítica quanto no andamento da economia global. A ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quanto às políticas tarifárias elevou a percepção de risco nos mercados.
Trump adota uma postura contraditória: ora anunciando novas tarifas a países como China, Canadá, México e Brasil; ora voltando atrás e postergando o anúncio feito anteriormente. Para o Brasil, por exemplo, foi anunciado imposição de tarifas da ordem de 25% sobre as importações de aço e alumínio brasileiros. A notícia causa preocupação para o setor, visto que o Brasil é o segundo maior vendedor de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá, de acordo com o American Iron and Steel Institute. Os EUA representam, sozinhos, 60% das exportações de aço brasileiras
Na Geopolítica, Trump também causa temor: a retirada do apoio à Ucrânia na guerra, com direito a rusgas com o presidente ucraniano em pleno salão oval, acirra os ânimos acerca da guerra travada contra a Rússia. Outros temas também causam apreensão na geopolítica global, como a possível retirada dos EUA da OTAN, a ofensiva em favor da retomada de controle do canal do Panamá, e as falas sobre a anexação da Groelândia, vista por Trump como primordial para a defesa por conta da posição da ilha, que pode ser usada como rota de ataques aos EUA.
As ameaças de Trump atingiram a União Europeia em cheio. O presidente da França, Emmanuel Macron, subiu o tom dizendo que a Rússia constitui “uma ameaça existencial duradoura para todos os europeus". O discurso de Macron incluiu a defesa do desenvolvimento do programa nuclear francês. Na Alemanha, foi aprovado um orçamento de 500 bilhões de Euros pelos próximos 10 anos.
As incertezas dominam o cenário, o que exige cautela para os investimentos, de modo que seguimos atentos e comprometidos em oferecer estratégias que visem mitigar riscos e entregar retornos consistentes aos clientes.
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